Estampa Localizada e Estampa Corrida, saiba qual a diferença e os tipos existentes na serigrafia têxtil
Na moda têxtil existem 2 termos muito utilizados quando falamos sobre a impressão em serigrafia. Muitas pessoas nem sabem dessas classificações e muito menos como são realizados esses processos, confesso que quando comecei a atuar nesse ramo, em meados de 2003 quando ouvi esses 2 termos também me gerou certa confusão, mas com o tempo me familiarizei e me ajudou muito o entendimento dos termos e da forma mais fácil de reproduzir.
Estamos falando da Estampa Localizada e da Estampa Corrida e suas formas de aplicar.
ESTAMPA LOCALIZADA
É o processo de serigrafia mais tradicional e o mais usado no mercado em geral.
O processo é utilizado em peças individuais e não no tecido todo, como por exemplo, fazer o silk de uma camiseta, onde a estampa é aplicada sobre um determinado local do seu produto como: Estampa no peito (frente da camiseta), estampas nas costas, na barra da camiseta, na manga, etc.
Podemos classificar esse processo em diversos tipos de produtos como sacolas, caneta, tênis, bonés, mochilas, chaveiros, enfim, todos os produtos que o silk for impresso em um determinado local e não no produto todo, a estampa é classificada como estampa localizada.
O processo pode ser realizado em produção individual ou em longa escala de acordo com a necessidade de cada produto podendo ser manuais (mesas localizadas, corridas ou carrosséis) ou automatizadas (mesas de serigrafias mecânicas, transfer, sublimação e impressão digital de pequeno formato).
.O processo é feito através de uma matriz serigráfica (quadro ou tela de silk) que é aplicado no tecido e impresso diretamente cor a cor e peça por peça.
Nesse processo é necessário tomar todos os cuidados e providências para que a estampa saia perfeitamente sem nenhum defeito na peça.
Os cuidados requeridos são a verificação do local onde a estampa será impressa no tecido através de uma ficha técnica, marcas de registros aplicadas no fotolito que deveram seguir na gravação da tela para registrar a sobreposição de cores na estampa, realizar o registro dos quadros antes de aplicar a tinta para a impressão e a verificação da(s) cor(es) exata(s) a ser(em) aplicada(s) e qual técnica de serigrafia será usada.
ESTAMPA CORRIDA
A Estampa Corrida é classificada, resumidamente, quando a arte é impressa em todo o produto e não em um determinado local, como na estampa localizada.
Ela pode ser feita de diversas maneiras, sendo estampa corrida quadro a quadro, estampa corrida em cilindro, falso corrido, sublimação e a estampa corrida digital.
ESTAMPA CORRIDA QUADRO A QUADRO
É um processo de estamparia de rolo de tecido. É criado a estampa com a técnica do Rapport e com o quadro gravado, fazemos a impressão da estampa quadro a quadro pelo rolo do tecido todo!
O segredo da estampa corrida de quadro a quadro está em desenvolver a arte de forma em que cada impressão consecutiva faça com que a emenda de uma impressão com a outra não seja percebida, que a estampa mostre um continuo absolutamente uniforme, como se a emenda não existisse, esta técnica é chamada de Rapport.
O rapport é padrão mínimo da estrutura do desenho que se repetirá por toda a extensão do tecido, sua arte é criada para que não seja percebida a emenda entre uma impressão e a outra, e também de forma que o desenho se complemente.
A impressão do rapport deve ser feita por um profissional que tenha uma grande experiência na arte da serigrafia, pois se o registro do rapport for marcado errado na mesa, ou fica uma abertura entre cada impressão ou a estampa sobrepõe uma na outra, deixando uma marca que vai danificar a estampa.
A largura de cada batida, ou melhor, a distância entre as cruzetas de registro que define a distância entre os batentes da mesa que vão garantir o perfeito encaixe de cada batida consecutiva.
O processo de estamparia corrida em quadro é um processo lento e caro. São feitas telas de nylon como as telas de silk screen, porém com a medida de 1,50 x 0,80m e a tinta é aplicada manualmente ou por máquinas através dos quadros (telas).
É utilizada uma tinta especial que busca obter o menor toque possível para não comprometer o caimento do tecido. Existe um limite de até oito cores.
ESTAMPA CORRIDA CILÍNDRICA
Processo semelhante ao processo de quadro. Porém, neste são utilizados cilindros metálicos perfurados com os desenhos da estampa. Esse tipo de estampa pode ser realizado em máquinas de estamparia, que utilizam até 12 cilindros (que é uma tela cilíndrica feita em níquel).
Podem estampar algo como 50 metros, ou mais, por minuto. São máquinas caríssimas, usadas normalmente nas fábricas de tecido e malhas.
Nas máquinas mais antigas podia-se gastar cerca de 300 metros, ou mais, para ajustar o registro de todas as cores, e essas perdas vão para as lojas de pontas de estoques das fábricas de tecido. Hoje existem máquinas com modernos ajustes digitais que reduzem isto ao mínimo.
Para cada cor é feito um cilindro. A tinta é colocada dentro do cilindro e uma máquina gira os cilindros aplicando a tinta ao tecido como numa gráfica. É o processo mais moderno de estamparia corrida. Seu custo de preparo é pouco mais alto que o de quadro, porém o tempo de produção é muito mais rápido. Existe o limite de oito cores.
Para se gravar um cilindro, o processo pode ser digital usando gravadoras a laser, cera ou manual utilizando fotolitos.
A estamparia de cilindros geralmente é utilizada quando a quantidade de tecido a ser estampada é muito grande e com pouco prazo para sua execução.
FALSO CORRIDO
Classificamos o Falso Corrido como estampas realizadas sobre pedaços de tecidos cortados e sem a necessidade da utilização da emenda “rapport” e da impressão no tecido todo.
Esse processo é o mais viável para pequenas e médias marcas ou estamparias, pelo seu custo benefício e praticidade de simular esse efeito.
Vou citar um exemplo de como realizar esse processo em uma camiseta para vocês entenderem melhor.
Normalmente escolhemos o maior tamanho da grade dos modelos que serão aplicados. No geral, as grades vão do PP ao GG, sendo o PP o menor tamanhos e o GG o maior. Os modelos serão de camisetas básicas masculinas e femininas. Então, nessa composição, iremos utilizar como base o tamanho GG do modelo masculino.
Uma camiseta básica é composta por 5 peças: Frente, costas, manga esquerda, manga direita e gola.
A peça que vamos usar como base para o desenvolvimento da estampa será a frente da camiseta. Vamos desenvolver uma arte que seja maior que as medidas da frente da camiseta GG e deixando uma sangria de uns 5 cm de cada lado, ou seja, vamos supor que a medida desse modelo seja 70 cm de comprimento por 50 cm de largura. A estampa que vou criar é um retângulo de 80 cm x 60 cm (5 cm de sangria para cada lado).
Faço o fotolito e gravo o quadro com essa estampa. Em uma mesa corrida, eu estico o corte das minhas camisetas: Frente, costas e mangas, não necessariamente nessa ordem, de todos os modelos (masculinos e femininos) e tamanhos (pp, p, m, g e gg).
A impressão é feita peça por peça, imprimindo todas as peças das camisetas, em todos os modelos e tamanhos.
Esse processo só é possível de ser realizado com os cortes das camisetas. Camisetas prontas (já costuradas) não é possível trabalhar com o falso corrido.
Esse processo também pode ser feito em sacolas, blusas, bermudas, calças, bonés, etc. Seguindo a mesma lógica.
ESTAMPA CORRIDA EM SUBLIMAÇÃO
É um processo de transferência onde a estampa é impressa um papel “offset” com uma tinta de corante sublimático e a impressão no tecido é feita através de uma prensa térmica onde a pressão e o calor dessas máquinas transferem a tinta para o tecido fazendo o seu tingimento.
A tinta sublimática é uma tinta que reage diretamente com a fibra dos tecidos de poliéster e poliamida e funciona como uma espécie de tingimento localizado.
Sua estampa pode ser feita com quantas cores desejar, com fotografias, tingir a cor da camiseta toda, enfim, a sua criatividade conta muito nesse recurso de impressão.
Claro que nem tudo é essa maravilha, a sublimação em tecido não pode ser aplicada em malhas 100% algodão, ela só serve para estampar tecidos de poliéster, malhas em PA (poliéster e algodão), Dry fit, cetim, malhas recicladas PET (normalmente são 50% poliéster e 50% algodão), existem malharias que desenvolveram tecidos específicos para sublimação (em PA). Como o aumento da procura do uso da sublimação, o mercado desenvolveu malhas 100% poliéster com toque de algodão ou uma resina que você aplica no tecido de algodão para aplicar a sublimação sobre.
Quanto maior for a composição da malha em poliéster, melhor o resultado visual da estampa como fidelidade das cores (nitidez, cores mais fortes e vivas).
Se a composição de algodão for alta, o resultado visual da estampa fica meio apagado, sem brilho e opaco.
Mas vale a pena fazer uma boa consulta em malharias, ver quais tecidos você consegue trabalhar com essa técnica e tentar adaptar a sua produção.
ESTAMPA CORRIDA DIGITAL
Processo de estamparia onde uma máquina semelhante a uma impressora gigante imprime diretamente no tecido um desenho digital. Do computador para o tecido.
Esse processo dispensa a fabricação de quadros e cilindros, além de possibilitar a produção em pequena escala, sendo possível estampar um único metro se necessário, contra o mínimo de metragem pedidos para os outros processos de estamparia corrida, que não é pouco.
Graças à alta resolução dessas “impressoras” de tecido é possível imprimir até fotos através da estamparia digital. Este processo eliminou alguns custos, porém seu valor é muito maior que as impressões em serigrafia, pois a tinta é muito cara e pelos altos custos dos equipamentos e manutenções. Normalmente é cobrado a impressão por metro quadrado.
Sua aparência após estampado em cores, detalhes, resolução, nitidez e seu toque são perfeitos.
Bom agora que você já consegue entender os processos de estamparias existentes, avalie qual o melhor para a sua produção, mão na massa, ou melhor, na tinta e boa sorte!